um diálogo pretencioso com Pessoa, Drummond, Clarice e Alanis...
Somos aquilo que os outros sintetizam de nós mesmos.
Somos coisas diferentes para pessoas diferentes.
Somos amigos, colegas, namorados, amantes, amados, largados..
Somos o resultado das antíteses e teses que criamos...
Me sinto em transformação, eu vejo eu reconheço ela passa por mim.
Não ignoro, mas a forma de encarar isso é colocar para fora tanta convicção...
que no final do dia, nenhuma delas faz mais sentido...
Só me sinto traído pelo sentimento, do que não fiz, não falei, não vivi...
Não estou nessa vida de graça... paguei um ticket para essa viagem e quero curtir...
Por favor, passa de novo o carrinho das ofertas de felicidade...
- Moça, esse sentimento, eu posso repetir???
Paguei caro, quero mais é viver e ser feliz, ao custo que já paguei.
Queria agradecer a vida, porque ela tem me oferecido amigos a preços módicos.
Eu tenho emprestado 0800 ("de grátis") e como tem que ser meus ouvidos...
É estranho se colocar no papel daquele que fala de si, e não ouve do outro...
Quando falo de mim, falo também o outro, ouvir nunca é passivo...
...
Mas Drummond, já escreveu sobre esse meu dilema, Clarice já deu suas justificativas, Pessoa sumarizou e Alanis cantou, e não serei amador de repetir, é melhor convidá-los nesse momento: "-Vem e senta poeta! Enche esse humilde local, com seu amor traduzido em letras, pontos e virgulas, métricas e rimas."
Falar é completamente fácil, quando se tem palavras em mente que expressem sua opinião.
Difícil é expressar por gestos e atitudes o que realmente queremos dizer, o quanto queremos dizer, antes que a pessoa se vá.
Fácil é julgar pessoas que estão sendo expostas pelas circunstâncias.
Difícil é encontrar e refletir sobre os seus erros, ou tentar fazer diferente algo que já fez muito errado.
Fácil é ser colega, fazer companhia a alguém, dizer o que ele deseja ouvir.
Difícil é ser amigo para todas as horas e dizer sempre a verdade quando for preciso.
E com confiança no que diz.
Fácil é analisar a situação alheia e poder aconselhar sobre esta situação.
Difícil é vivenciar esta situação e saber o que fazer ou ter coragem pra fazer.
Fácil é demonstrar raiva e impaciência quando algo o deixa irritado.
Difícil é expressar o seu amor a alguém que realmente te conhece, te respeita e te entende.
E é assim que perdemos pessoas especiais.
Fácil é mentir aos quatro ventos o que tentamos camuflar.
Difícil é mentir para o nosso coração.
Fácil é ver o que queremos enxergar.
Difícil é saber que nos iludimos com o que achávamos ter visto.
Admitir que nos deixamos levar, mais uma vez, isso é difícil.
Fácil é dizer "oi" ou "como vai?"
Difícil é dizer "adeus", principalmente quando somos culpados pela partida de alguém de nossas vidas...
Fácil é abraçar, apertar as mãos, beijar de olhos fechados.
Difícil é sentir a energia que é transmitida.
Aquela que toma conta do corpo como uma corrente elétrica quando tocamos a pessoa certa.
Fácil é querer ser amado.
Difícil é amar completamente só.
Amar de verdade, sem ter medo de viver, sem ter medo do depois. Amar e se entregar, e aprender a dar valor somente a quem te ama.
Fácil é ouvir a música que toca.
Difícil é ouvir a sua consciência, acenando o tempo todo, mostrando nossas escolhas erradas.
Fácil é ditar regras.
Difícil é seguí-las.
Ter a noção exata de nossas próprias vidas, ao invés de ter noção das vidas dos outros.
Fácil é perguntar o que deseja saber.
Difícil é estar preparado para escutar esta resposta ou querer entender a resposta.
Fácil é chorar ou sorrir quando der vontade.
Difícil é sorrir com vontade de chorar ou chorar de rir, de alegria.
Fácil é dar um beijo.
Difícil é entregar a alma, sinceramente, por inteiro.
Fácil é sair com várias pessoas ao longo da vida.
Difícil é entender que pouquíssimas delas vão te aceitar como você é e te fazer feliz por inteiro.
Fácil é ocupar um lugar na caderneta telefônica.
Difícil é ocupar o coração de alguém, saber que se é realmente amado.
Fácil é sonhar todas as noites.
Difícil é lutar por um sonho.
Eterno, é tudo aquilo que dura uma fração de segundo, mas com tamanha intensidade, que se petrifica, e nenhuma força jamais o resgata.
É tão difícil falar e dizer coisas que não podem ser ditas. É tão silencioso. Como traduzir o silêncio do encontro real entre nós dois? Dificílimo contar. Olhei pra você fixamente por instantes. Tais momentos são meu segredo. Houve o que se chama de comunhão poerfeita. Eu chamo isto de estado agudo de felicidade.
Clarice Lispector
Caro Poeta-0800,
ResponderExcluirA diferença entre o louco e o q achamos que é são é justamente pq este último tem alguém p/contar suas loucuras. E o primeiro, fala-as p/ si mesmo.
Em resumo, de boa? Ter amigos é o q ainda nos separa da loucura total.
Um ab
Edu
PS- PS, PS, PS....