Limão e Sal... Alho e Cebola... Nietzsche e o Amor fati...

Estranhos sentimentos

Você ainda consegue sentir?
A brisa do mar bater no rosto?
O cheiro do risoto de alho poró?
O perfume de um girassol?

Você ainda consegue ver?
Nuvens brancas em um céu de azul estrelado?
O carmim do tingido sol ao encerrar o show de mais um dia?
O prata sujo, "de una Luna" que risca o mar numa noite dela "rotonda"

Você ainda consegue olhar?
Para uma flor que nasceu no meio da calçada?
Para uma criança que dorme na rua? (E sentir dor no estômago?)
Para você no espelho? (e se reconhecer?)

Você ainda consegue escutar?
Uma música em meio ao buzinaço do dia-a-dia?
Ou um elogio no meio dessa ou daquela gritaria?
Quando foi a última vez que escutou um passarinho a cantar?

Você ainda consegue ouvir?
As batidas do seu coração?
Seu suspirar ofegante de um vitória microscópica?
Ou a palpitação ao ver a pessoa amada?

...

Para Nietzsche, "amor fati" é amar o inevitável, amar o destino, amar o justo e o injusto, o próprio amor e o desamor. Ou seja,"ser, antes de tudo, um forte", sem se reclamar da vida, sendo indiferente ao sofrimento. Uma retomada do antigo pensamento grego dos filósofos estóicos.

O Amor fati foi usado por Nietzche para representar a "fórmula para a grandeza do homem" e que significa:

"Não querer nada de diferente do que é, nem no futuro, nem no passado, nem por toda a eternidade. Não só suportar o que é necessário, mas amá-lo".

O termo aparece varias vezes em A Gaia Ciência, mas é neste trecho em particular citada de forma mais clara:

"Quero cada vez mais aprender a ver como belo aquilo que é necessário nas coisas: - assim me tornarei um daqueles que fazem belas as coisas.

"Amor fati (amor ao destino): seja este, doravante, o meu amor." Não quero fazer guerra ao que é feio. Não quero acusar, não quero nem mesmo acusar os acusadores. Que minha única negação seja ‘desviar o olhar’! E, tudo somado e em suma: quero ser, algum dia apenas alguém que diz sim."