domingo, 16 de maio de 2010

Eloqüência é a arte de avolumar as pequenas coisas e diminuir as grandes. Isócrates

A Antologia da (in)Eloqüência do Ser
 parte 1
Bragi

Na mesa da sala estava um amontado de papéis, toscamente arrumados, contando suas estórias.
A casa estava arrumada, mais arrumada não da forma que eu gostava, foi arrumada ao gosto de outro ser.
Na cozinha, a torneira gotejava, tranbordando de água a minha última xícara de café.
No quarto o lençol retorcido e os travesseiros amassados, denunciavam uma cena de amor.

Tirei os sapatos..., andar descalço sob o chão gelado é refrescar a alma.
Ao caminhar pela casa, de um canto para outro notava que a poeira de dias se acumulava no chão.
Na geladeira o pedaço de abacaxi seco, perfumava todo o ambiente.
A jarra suada, suplicava por um toque, por um gole, mesmo que um pequeno beijo.

O sofá, outrora ainda tão macio e convidativo estava lá, e a seus pés deitava-se uma esteira faceira.
As almofadas, claramente enciumadas se escondiam com raiva em cada canto do galante sofá.
Na estante da TV, meus carrinhos empoeirados, ao lado de DVDs ainda mais empoeirados de seriados, que insistem em me pedir para reve-los.
(sim coleciono carrinhos, coisa de menino mais velho, que tentam compensar o que não tivera na infância)
No aparador ao lado livros empilhados, (que li, que estou relendo, que nunca lerei) dividem espaço com pequenos eletronicos que devem estar sempre a mão: ipod, controles remotos, máquina fotográfica (nunca usada), binóculos (usados sempre)....

É bom viajar, melhor ainda regressar, ainda bem que se tem porto-seguro, um lugar para ficar.
Quando tomamos consciência do SER é que buscamos deixar fluir da vida.
Descobri essa semana que gosto do banho de mar, mais não qualquer mar, um mar tranquilo logo na calada da manhã, momento em que o sol preguiçosamente teima em levantar.
Descobri que ainda tem muito o que descobrir na vida... que 3 décadas ainda não foram capaz de me revelar tudo que preciso saber.

Existe uma certa (ine)loqüência no ato de viver.
Fui acusado de ser "O ser humano mais contraditório" do mundo.
Ao mesmo tempo isso me assusta e também me leva para um lugar comum, e de conforto.
Meu discurso e o seu discurso, por mais eloqüênte que seja, não revela - necessariamente - todo o ser.

Bom preciso voltar... a casa ainda está lá a minha espera... vinho, música e piano.



2 comentários:

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